As soft skills, ou as habilidades relacionais, têm sido cada vez mais solicitadas em nossos sistemas de gestão. Estamos à procura de capacitações e planos para construir um time que reme para o mesmo lado e que nos traga resultados gradiosos E sustentáveis.
A empatia é figurinha repetida nesse mundo, falar sobre ser um líder empático é antigo, mas a prática parece intangível e, por vezes, inatingível. Por isso, propomos aqui uma direção para transformar esse conceito abstrato em realidade no seu modelo de gestão.
Antes de trazermos os passos, é importante relembrar rapidamente o que é empatia. “Se colocar no lugar do outro” não é uma definição que cobre essa habilidade humana tão abrangente, afinal, somos observadores tão distintos desse mundo, que não há após um mesmo fato, uma mesma experiência sendo vivida por duas pessoas.
Empatia, por sua vez, é o lugar onde procuro compreender o que se passa com o outro, aceitando sua interpretação, legitimando e escutando o que é verdadeiramente importante para ele.
É onde mostro que estou conectado com sua experiência, respeito a forma como ele a vive, e escuto suas necessidades não atendidas ali.
É o lugar desde onde acompanho o outro a também remover os bloqueios para ação.
E empatia não é sobre “ser bonzinho ou passivo”, é sobre conexão. Se a intenção é conectar, se torna importante termos coragem para expressar aquilo que é verdadeiro para nós.
É com isso em mente que deixamos, aqui, 5 passos para uma liderança mais empática:
1 - O que é fácil ou difícil depende do que te motiva
Encontrar-nos com desafios já faz parte de nossa rotina diária de trabalho, a facilidade ou a dificuldade em lidar com eles é onde mora a questão.
Se você ou alguém de sua equipe está encarando um problema com muita dificuldade, proponha para si ou para quem estiver acompanhando, a conexão com a real motivação que está por trás das tarefas mais desafiadoras.
Faça perguntas como: por que essa atividade é importante? De que forma ela vai contribuir, e para quem?
Você pode encontrar motivações tão poderosas como as de clareza, movimento ou evolução (que se encontram em nossa lista de necessidades), e perceber que, ao se conectar com elas, uma mudança ocorrerá no estado de espírito de quem irá executar a tarefa.
Acredite! Ao trazer esse estado de consciência, alinhado com essa motivação, para a sua ação, o trabalho flui com muito mais leveza. É uma maneira de ser empático e de resgatar o “para quê” do seu fazer.
2 - Pedidos claros favorecem a qualidade da conexão
É comum sentirmos dificuldade de nos conectar com o que se passa com o outro quando, para nós, o caminho está claro e é muito simples. Podemos nos levar até a acreditar que o outro não se importa ou não nos entende.
Nessas situação é a hora de fazermos pedidos de conexão com o outro, ou seja, pedidos que nos aproximam.
Por exemplo: Gostaria de conversar com você sobre a reunião de ontem. Você estaria disposto ouvir como chegou para mim? Após a explicação também perguntar: e o que você escuta sobre isso?
Pedidos que nos façam entender melhor o que se passa com o outro são a chave para conseguirmos trazer mais clareza ao que é importante para nós naquele momento.
Perguntas como “você poderia compartilhar comigo o que é importante pra você nessa situação?” ou mesmo “fico em dúvida de como lhe ajudar, você poderia me dizer como posso te apoiar?” podem ser poderosíssimas.
E, para que você possa aproximar ainda mais a relação, conte, com clareza, o motivo que o faz fazer um pedido específico, explicando, por exemplo, por que aquilo é importante para você ou para a organização. Por exemplo: "Podemos combinar o prazo do relatório para amanhã as 19h? Para mim é importante poder revisar pela manhã e me preparar para a reunião das 14h."
E, lembre-se também, que a clareza ao pedir envolve contar ao outro como e quando espera que aquela ação seja realizada. Por exemplo: “Você poderia levar para reunião de amanhã o número de pedidos que temos em aberto e sua sugestão de plano de ação, com um prazo para cada ação?”
3 - Escutar para compreender e não para responder
Não há como negar que um de nossos maiores desejos como líderes gestores é que sejamos produtivos e entreguemos os tão esperados resultados de forma rápida. E é quando entramos nesse estado de resolução e atenção para as ações que nos trazem resultados, que, por vezes, nos esquecemos das relações.
Imagine que o nosso sistema nervoso foi programado para funcionar em dois modos: o do relacionamento ou o da ação e, quando um está ativo, o outro fica inativo.
Foi assim que aprendemos e nos desenvolvemos. Mas, para conseguirmos conectar de maneira empática com o outro e ainda considerar o que é importante para nós (e nossa produtividade), precisamos ligar os dois modos em paralelo.
Pode parecer desafiador, de início, mas é uma prática adquirida com treino e com uma pergunta de apoio: “estou escutando para responder ou para compreender?”.
Quando perceber que está escutando apenas para responder, pare por alguns segundos e procure o que para você é importante ali e, se puder, escute o que é importante para o outro também (lembre que a lista de necessidades pode apoiar aqui). Caso não consiga conectar, lembre-se que você sempre tem a opção de pedir uma pequena pausa.
4 – No conflito, procure a conexão com o que é importante: as necessidades
Ainda que com toda a nossa dedicação voltada à que a relação seja harmoniosa, sabemos que podemos enfrentar situações de conflito.
A dica para lidar de maneira empática em momentos de conflito é, antes de tudo, procurar conectar-se com as suas necessidades. O que seria tão importante para você nesse momento? Quais necessidades estão procurando ser atendidas, e quais não estão sendo atendidas?
Esse reconhecimento e conexão consigo é o primeiro passo para abrir o espaço de empatia com o outro e, quem sabe, supor (em estado curioso) quais seriam as necessidades atendidas ou não para ele ali.
Por exemplo: Numa situação em que a outra pessoa aparenta estar muito chateada por conta de sua ideia não ter sito aceita, pode ser que as necessidades do outro naquele momento sejam de reconhecimento, valorização e contribuição e não de necessariamente ter a ideia dela aceita.
Dica 5 – Repense a forma como você se educa
Imagine que após ler esse texto você tenta, com afinco, ser empático e gerar uma alta qualidade de conexão com o seu time e não consegue. O que você falaria a você mesmo?
Não é incomum escutarmos que a educação que direcionamos a nós mesmos se traduzem em frases como “eu não sirvo pra isso” ou “está vendo, você precisa treinar muito mais”.
Fomos ensinados a nos educar dessa maneira, nos punindo pelo erro que foi cometido.
Porém, aqui propomos algo um pouco diferente: Como seria reconhecer o que era importante para você naquele momento, que você estava procurando preservar, que o fez agir daquela forma?
Imaginamos que reconhecer as necessidades que você procurava atender naquela situação o faça aprender mais do que se punir por algo que está aprendendo. Afinal, só é possível criar uma saída quando entendemos o que realmente queremos.
Por exemplo: Eu não escutei com paciência o que aquela pessoa queria me contar, pois naquele momento estava ansioso com o envio de um e-mail e estava precisando de segurança e espaço para escrever com calma.”
É sobre esse tema que Alan Seid, treinador americano certificado pelo CNVC, nos convida a mergulhar no treinamento NVC Leadreship Skill Building. Saiba mais aqui.
Autora: Liliane Sant'Anna
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